Você percebe que está mais cansada, de saco cheio mesmo da quarentena? Você não está sozinha e isso tem até um termo na psicologia: fadiga da quarentena.
Quando um alarme toca, nosso cérebro e nosso corpo entram em estado de alerta. O mesmo aconteceu no início da pandemia: com a ameaça de uma doença sem cura E altamente contagiosa que pode levar as pessoas à morte, nosso sistema interno de alarme começou a soar alto. Se algo nos coloca em perigo o nosso organismo começa a preparar nosso corpo para lutar ou para fugir daquela ameaça - o cortisol, hormônio típico do stress e a adrenalina são produzidos em maior quantidade e isso é necessário e positivo para mantermos nossa integridade física.
No entanto se um alarme fica tocando sem parar por dias e dias a fio em algum momento já não percebemos aquele sinal como algo tão grave e nos acostumamos com aquela ameaça. A partir do momento que as semanas vão passando e a gente não consegue ver o final da pandemia, nos acostumamos cada vez mais com o risco de adoecermos, com os números de doentes e mortos que não param de subir e com a possibilidade de contrairmos o Covid19. De repente aquilo que nos deixava apavorados e chocados em março já tem se tornado banal para muitos de nós, não por termos perdido a sensibilidade em relação às más notícias ou por não enxergarmos mais a importância do isolamento social, mas porque dia a dia nos acostumamos com tudo isso.
Acontece um desgaste, um cansaço em relação às privações, é como se a gente ainda ouvisse o alarme tocando alto mas estivéssemos tão cansados e habituados de ouvir aquele som que ele passa a não impactar tanto no nosso comportamento. Infelizmente a gente se acostuma e “ligar o foda-se” de vez em quando parece tolerável. Nossa cabeça não consegue se manter em alerta por quatro meses seguidos. A vontade que dá é fingir que as coisas já não estão tão ruins. Dá vontade de fugir do isolamento social. De voltar ao antes que não existe mais.
A displicência em relação à pandemia é um fenômeno que se vê em todos os países. Muitas pessoas simplesmente estão exaustas de se sentirem estressadas ou com medo o tempo todo. Negar que o problema continua enorme e sem perspectiva de melhora em breve é um mecanismo de defesa que tenta nos fazer fugir de uma realidade dura demais.
Nem todos acabam furando a quarentena ou encontrando os amigos para uma pizza, mas muitos de nós já passamos pela situação de não higienizar de forma tão meticulosa cada pacote que vem do supermercado ou de não passar tanto álcool gel nas mãos quanto acontecia lá no início desta loucura. Esses dias entrei no elevador com minha máscara na mão e só lembrei de colocar ela dois andares depois. Infelizmente a fadiga da quarentena faz com que a gente saia daquele estado de vigilância constante para um modo mais relaxado, que pode significar mais chances de sermos contaminados.
Quem ainda não teve pessoas próximas que adoeceram pelo Covid pode ter ainda mais uma falsa sensação de segurança, de que tudo está bem, que não é mais necessário tantos cuidados. No entanto os números de contaminados e mortos no Brasil ainda estão altíssimos e precisamos sim manter nossa disciplina em relação ao distanciamento social e aos cuidados de higiene.
Se necessário para sua saúde mental saia para dar uma volta, mas não frequente lugares com aglomeração, higienize as mãos e use máscara. Tente encontrar outras formas de lazer e contato social e entenda que se sentir cansada, irritada e triste com as limitações impostas pela pandemia é algo natural. Estamos todos vivendo um período muito difícil das nossas vidas, 2020 não será como os outros anos e certamente está exigindo muito de cada um de nós. Mas mesmo todas as restrições e tudo que estamos perdendo de viver nos últimos meses vale a pena se pensarmos que estamos contribuindo para um bem comum e maior: sairmos desta com o menor número possível de doentes e mortos. Já perdemos gente demais.
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