Ontem mandei arrumar umas coisinhas no meu carro e o dono da mecânica sugeriu, sutilmente, que eu mandasse lava-lo após o conserto. Pra quem conhece o meu carro entenderia o mecânico. Tem caminhas de cachorro, ração, coleiras, guias e, consequentemente, muito pêlos! Enfim, ele enviou meu carro, após o conserto, para um moço que trabalha ao lado da mecânica. Cheguei no horário combinado e vi que o carro não tinha sido lavado por fora ainda. O homem riu e perguntou: “Moça, esse carro é seu? Nossa, deu um trabalhão, heim! Tô há duas horas limpando ele só por dentro com aspirador, mas não vai sobrar um pêlo sequer! Podes passar daqui uma hora?”. Quando voltei novamente para buscar, ele estava finalizando e estava chovendo muito. Falei que não precisava secar, mas ele insistiu, dizendo que a lataria ficaria manchada se não o fizesse (como se eu me importasse com uma lataria toda arranhada de unhas de cachorro). Limpou os vidros, secou tudo, os mínimos detalhes, enquanto eu trabalhava pelo celular e o Jet (um dos meus cães), pacientemente, esperando do meu lado para sujar o carro todo novamente. Quando ele finalizou nem acreditei que aquele era meu carrinho, de tão limpo que estava. Mal deixei o Jet se mexer dentro dele para não soltar pêlos!
E o que quero dizer com este acontecimento banal do dia-a-dia? O que eu vi nesse homem trabalhando, de Havaianas velhas, em um estacionamento emprestado de uma empresa, com poucos recursos, foi amor ao trabalho. Tudo que ele fazia ali era com extremo cuidado e perfeição, o melhor que ele podia. Provavelmente uma pessoa sem recursos, que consegue ganhar a vida assim. Um trabalho que muitos julgam “menor”, mas que ele fazia com muito esmero, e mais, feliz. Eu pude ver nos olhos dele, quando o carro estava finalizado, dizendo que fez o melhor que pôde, com orgulho do trabalho! Agradeci horrores, dei gorjeta e disse que recomendaria ele aos amigos.
Aposto que é um homem que chega em casa cansado e feliz com seu trabalho, obviamente contando seu dinheiro na ponta dos dedos. E eu sou igualzinha a ele. Trabalhei por algum tempo em lugares que eu não gostava ou com atribuições que eu não me identificava e pensava: isso não é pra mim! Logo pulava pra outro emprego. Como tive oportunidade de fazer uma faculdade e de meus pais, ambos professores, bancarem essa longa jornada de estudos, acabei por escolher o que eu poderia fazer da minha vida e posso dizer que amo meu trabalho. E como o trabalho toma a maioria do tempo de vida de todas as pessoas, fico extremamente triste quando vejo uma pessoa se arrastando a semana toda, odiando segunda-feira, empurrando tudo com a barriga e se frustrando dia após dia ao acordar para mais uma jornada de tortura. Claro que não estou falando aqui de oportunidade, nem de dinheiro. E claro que meu trabalho tem as “partes ruins” também (odeio a administrar a parte financeira, por exemplo).
Mas eu olho para aquele homem e penso: imagina ele em uma grande empresa, o gosto que ele teria de trabalhar e fazer tudo bem feito! Acordando cheio de ideias para colocar em prática, feliz da vida com os resultados, sério o suficiente para lidar com os pepinos. Como ele é mais feliz do que muitas pessoas que tem um trabalho que consideram mais “digno”.
Imagina uma vida que você dá um salto feliz da cama em plena segunda-feira pois teve uma ideia - que você considera - brilhante! Assim que eu me sinto. Assim que eu pude escolher minha vida. E escolhi. E, se você pode escolher também, repense.
Oi Shirley!!!Meu carro nâo fica atrás do teu...Aliás, me indica esse moço, pois estou precisando muito de um bom profissional!Bjos e saudades
ResponderExcluirLise
www.blogtudodamoda.com.br
É muito legal mesmo ver gente que faz o que gosta. Outro dia senti isso na minha oftalmologista. Ela ama o que faz, por isso, apesar de novinha, é a mais famosa da minha cidade. Atende todos com a maior alegria. Hoje isso é raridade, já que a maioria pensa em carreira pública por causa da estabilidade financeira.
ResponderExcluirBeijos.
Oi Mari, que post lindo, cheio de sensibilidade e emoção. Também admiro quem faz suas atividades com amor, porque não importa a função, essas pessoas me contagiam e sempre deixam meu dia mais feliz. E agora entendo porque a cada dia tens aparecido com peças mais lindas...
ResponderExcluirShirley, obrigada
ResponderExcluirPelo post de hoje. As vezes a gente precisa de uma reflexao e nem imagina de onde vIra o "empurraozinho". ;)
Oi Mari,
ResponderExcluirFiquei muito comovida com esse post. Se morasse aí na sua cidade, iria com certeza contratar o serviço desse senhor. Mas o que eu gostei mesmo foi como vc conseguiu olhar além do trabalho feito por ele. Hoje em dia é tão dificil, com a vida atarefada que a gente leva, parar e refletir sobre o impacto dos outros na nossa vida. Muito legal, me fez gostar mais aqui do blog e das colaboradoras. beijão
Adorei ler esse post!!!
ResponderExcluirMari Siebert, sua linda! Que post mais amado.
ResponderExcluirAcalentou meu coração, porque estou passando por um momento difícil, odiando o Fantástico que me lembra que segunda-feira se aproxima! E eu tento fazer minha equipe feliz, porque ser triste de segunda a sexta é mais do que eu posso ser feliz no sábado e domingo, né? Enquanto não encontro outro emprego, vou me inspirando com suas palavras lindas! Um beijão pra você!
Mari Siebert, sua linda! Que post mais amado.
ResponderExcluirAcalentou meu coração, porque estou passando por um momento difícil, odiando o Fantástico que me lembra que segunda-feira se aproxima! E eu tento fazer minha equipe feliz, porque ser triste de segunda a sexta é mais do que eu posso ser feliz no sábado e domingo, né? Enquanto não encontro outro emprego, vou me inspirando com suas palavras lindas! Um beijão pra você!